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Sorgo

A planta de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) é originária, provavelmente, da África, mas há citações que dizem que poderia ser da Índia também. Domesticada por volta de 3.000 anos a.C. no Egito antigo à Etiópia, onde posteriormente se dispersou por diversos países na Ásia, no Oriente e na Europa. Chegou ao hemisfério ocidental e às Américas com sementes trazidas através dos escravos africanos. A primeira lavoura plantada com sorgo de que se tem notícia na América foi no ano de 1853, por William R. Prince de Nova Iorque, EUA.

Quatro anos mais tarde, em 1857, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos lançou o que pode ter sido a primeira cultivar comercial “moderna” de sorgo do mundo, daí então, foi uma cultura amplamente manipulada através de gerações para satisfazer às necessidades humanas. Acredita-se que foi introduzida no Brasil da mesma forma, através de escravos, com o nome de “Milho d’Angola” ou “Milho da Guiné” e, à partir da segunda década do século XX até fins dos anos 60, a cultura é reintroduzida de forma ordenada no país através dos institutos públicos de pesquisa e universidades (EMBRAPA/CNPMS, 2014).

Atualmente, segundo a APPS (Associação Paulista dos Produtores de Sementes) no relatório de 04/2018, na safra de 2016/17, tivemos uma área de 866 mil ha de sorgo granífero, 287 mil ha de sorgo silageiro e 80 mil ha de sorgo forrageiro, a um consumo médio de sementes de 8 kg/ha (grãos), 6 kg/ha (silagem) e 12 kg/ha (forragem), o que é muito importante para a economia e para o mercado de consumo de rações e volumosos no Brasil.

A cultura do sorgo apresentou expressiva expansão nos últimos anos agrícolas. Do ponto de vista agronômico, este crescimento é explicado, principalmente, pelo alto potencial de produção de grãos e matéria seca da cultura, além da sua extraordinária capacidade de suportar estresses ambientais. Deste modo, sorgo tem sido uma excelente opção para produção de grãos e forragem em todas as situações em que o déficit hídrico e as condições de baixa fertilidade dos solos oferecem maiores riscos para outras culturas, notadamente o milho. Do ponto de vista de mercado, o cultivo de sorgo em sucessão a culturas de verão tem contribuído para a oferta sustentável de alimentos de boa qualidade para alimentação animal e de baixo custo, tanto para pecuaristas como para a agroindústria de rações. Atualmente, em toda a região produtora de grãos de sorgo do Brasil Central, o produto tem liquidez para o agricultor e grande vantagem comparativa para a indústria, que, cada vez mais, procura alternativas para compor suas rações com qualidade e menor custo.

O avanço da moderna agricultura no Cerrado e os seus sistemas de produção continuam ampliando as possibilidades para os diferentes tipos agronômicos de sorgo. A soja, principal parceira no sistema de sequência de culturas, avança para os estados do Norte e do Nordeste. O sorgo segue este avanço. O sistema de plantio direto abre um amplo campo para integração do sorgo ao sistema como excelente produtor de palha de alta qualidade, além de ser excelente elo na cadeia da integração lavoura-pecuária-floresta.

A agroindústria de carnes se expande na região, na busca de matérias primas de menor custo para alimentação de plantéis de aves, suínos e bovinos. A pecuária de leite e de corte se profissionaliza cada vez mais, à medida em que os mercados consumidores de carne bovina exigem mais qualidade e preço competitivo. O milho, principal ingrediente para alimentação animal no país, está se valorizando, em especial pela grande expectativa de exportação do produto per se ou embalado no complexo das carnes. Para manter o mercado de rações abastecido com grãos de qualidade confiável e custo ajustado ao negócio, o sorgo já é reconhecido como o principal grão alternativo ao milho na chamada cesta básica de ingredientes forrageiros, junto com o próprio milho, o trigo, o triticale, o farelo de arroz e a fécula de mandioca.

Exigências hídricas

Durante o ciclo da planta, a quantidade de água exigida varia de 450 a 500 mm. Existem dois períodos críticos quanto à disponibilidade de água no solo. O primeiro ocorre imediatamente à realização do plantio e vai até 20 a 25 dias após a germinação.

O segundo período ocorre durante a fase de floração. Ao planejar o plantio, deve-se procurar o momento em que, historicamente, o período de temperaturas mais altas e de maior intensidade de chuva coincida com o enchimento dos grãos, fase de maior exigência da planta.

Exigências térmicas

O sorgo é considerado uma planta tolerante a altas temperaturas e à seca, mas, havendo déficit hídrico, a sua taxa de crescimento diminui. O sistema radicular é profundo e ramificado, o que aumenta a eficiência na extração de água da solução de solo.

As folhas possuem um bom sistema de transpiração que evita a perda de água. Necessita de temperaturas médias diárias acima de 18º C na fase de florescimento, e as melhores condições térmicas situam-se entre 26 e 30º C. A temperatura média anual de 18º C é considerada o limite inferior para o cultivo do sorgo.