O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é a espécie mais cultivada entre as demais do gênero Phaseolus (Embrapa, 2003). Segundo as estatísticas da Food and Agriculture Organization of United Nations (FAO, 2013)1, de 2001 a 2011 a produção mundial manteve-se em torno de 18,2 a 23,2 milhões de toneladas. A produtividade mundial, em todo o período, também se mantém relativamente estável, variando entre 0,68 e 0,83 ton/ha.
Segundo informações disponibilizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), 70% dos brasileiros consomem feijão diariamente (BRASIL, 2012). Wander e Chaves (2011) demonstram que o consumo aparente de feijões no Brasil é de aproximadamente 17 kg/habitante/ano.
Tal consumo estaria distribuído em aproximadamente 40 tipos de feijão, sendo que o feijão preto, plantado em 21% da área, é mais consumido no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul e leste do Paraná, Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito Santo. Por outro lado, os do grupo carioca são consumidos em praticamente todo o Brasil, chegando a alcançar mais que 50% da área cultivada. Já o feijão-caupi (feijão de corda), é reconhecidamente mais aceito nas Regiões Norte e Nordeste e corresponde a 9,5% da área cultivada no país (BRASIL, 2012).
O feijão-caupi, antes com cultivo restrito, praticamente, às Regiões Nordeste e Norte, praticado por pequenos e médios produtores, geralmente de base familiar, com pouco uso de tecnologia, há pelo menos 10 anos tem seu cultivo em franca expansão para outras regiões do país. Essa expansão ocorre, principalmente, para as áreas de cerrado das Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, onde é cultivado na forma de safrinha por médios e grandes produtores, de base empresarial, com o uso da mesma tecnologia empregada no cultivo da soja.
Esse tipo de cultivo possibilita uma produção em larga escala, com alta qualidade e regularidade, aspectos indispensáveis para alimentar a cadeia comercial do produto. Com isso, o feijão-caupi vem sendo ofertado em maior quantidade nas Regiões Nordeste e Norte e alcançando mercados em outras regiões do país, principalmente Sudeste e Centro-Oeste, e também no exterior.
O feijão-caupi é uma cultura muito importante não só no Brasil, que é o quarto maior produtor mundial, mas em inúmeros países, especialmente no continente africano. Nos últimos anos tem tido grandes avanços no contexto nacional e, principalmente, no internacional, com o aumento da produção e a ampliação de mercado. No Brasil, entretanto, há uma carência no que se refere à disponibilização do conhecimento acumulado sobre a cultura e à transferência de tecnologia.
Exigências hídricas
A demanda hídrica do feijoeiro é influenciada por uma série de fatores como época e local de semeadura, variedade, condições edafoclimáticas e estádio de desenvolvimento (MOREIRA et al., 1996).Conforme Doorenbos & Kassam (1979), a quantidade de água requerida pela cultura, para obtenção de máxima produtividade, varia entre 300 e 500 mm. Devido à baixa capacidade de recuperação após deficiência hídrica e sistema radicular pouco desenvolvido, o feijoeiro é considerado uma planta sensível ao estresse hídrico (GUIMARÃES,1996).
Fageria et al. (1991) descrevem que a fase da planta mais sensível ao déficit hídrico é a reprodutiva, sendo altamente vulnerável desde o início da floração até o início da formação das vagens. Deste modo, o uso de irrigação e seu manejo adequado se tornam imprescindíveis quando o cultivo do feijoeiro ocorre em regiões de baixa precipitação pluvial.
Exigências térmicas
FILGUEIRA (2008) afirma que o feijão é uma hortaliça de ampla adaptabilidade à temperatura ambiente, desenvolvendo-se a contento dentro de uma faixa de 18 a 30° C. Sob temperatura superior a 35 °C, a produtividade diminui significativamente, pois o pólen é prejudicado, acarretando vagens deformadas (PORTES, 1988; KIGEL et al., 7 1990), estudando cultivares de crescimento determinado em condições controladas de temperaturas altas (27 a 32 °C), verificaram que a produção foi drasticamente reduzida, embora tenha havido incremento na ramificação e no florescimento.
Por outro lado, o feijão-de-vagem é das hortaliças mais intolerantes ao frio e à geada (FILGUEIRA, 2008). ALDRIGHI et al. (2000) observaram estagnações no desenvolvimento do feijão em períodos de geada e sugeriram que as temperaturas médias das regiões de cultivo podem servir de base para a escolha da época de semeadura. Assim, temperaturas abaixo de 15 °C retardam o desenvolvimento das plantas. Segundo DICKSON & PETZOLDT (1987), temperaturas do ar abaixo de 10 °C, durante a fase de germinação das sementes, podem provocar lesões e redução do vigor, sendo que solo frio predispõe a apodrecimentos de pré-emergência.